MEMÓRIA EM QUADRINHOS... RONIN by Frank Miller (SCANS)



No início dos anos 80, quando o mercado de quadrinhos norte-americano ainda respirava histórias mais convencionais de super-heróis, a DC Comics ousou ao publicar RONIN, uma graphic novel escrita e desenhada por **Frank Miller** e colorida por **Lynn Varley**. A obra, lançada originalmente como minissérie em seis edições entre 1983 e 1984, mergulhou o leitor em uma Nova York distópica e caótica, onde um antigo samurai renasce no corpo de um jovem deficiente físico para enfrentar o demônio Agat — a criatura responsável pela morte de seu mestre e pela sua condenação a viver como um “ronin”, um samurai sem senhor.

Em **Ronin**, Miller expôs de forma visceral as influências que moldaram seu traço e narrativa: os mangás japoneses e a **banda desenhada franco-belga**. A inspiração mais evidente vem de **Kazuo Koike e Goseki Kojima**, criadores da lendária série *Lobo Solitário*, obra que Miller não apenas reverenciou, mas ajudou a popularizar no Ocidente ao ilustrar capas para suas edições americanas.

Vale lembrar que essa não foi a primeira vez que Miller incorporou a cultura japonesa em seus quadrinhos. Já em *Demolidor*, havia introduzido ninjas e samurais em meio ao universo urbano da Marvel, criando personagens icônicos como a letal **Elektra**, que mais tarde ganharia sua própria minissérie em parceria com Bill Sienkiewicz. Da mesma forma, trouxe um toque nipônico à minissérie de **Wolverine**, escrita por Chris Claremont, onde o mutante viaja ao Japão e enfrenta ninjas, guerreiros de sumô e uma jornada de honra marcada pelas famosas garras em forma de lâminas japonesas.

Ainda assim, nenhuma dessas experiências se compara à grandiosidade de **Ronin**. A graphic novel é considerada por muitos um dos marcos que abriram caminho para que obras de inspiração oriental encontrassem espaço no mercado norte-americano. Mais do que uma aventura de samurais em um futuro distópico, **Ronin** é um testemunho da ousadia criativa de Frank Miller e um dos pontos altos da era em que as **graphic novels** começaram a ser reconhecidas como arte sofisticada e de prestígio dentro da indústria.

Para os fãs que cresceram nos anos 80 folheando revistas em quadrinhos, revisitar *Ronin* é como voltar a um momento em que Miller não apenas reinventava heróis urbanos, mas também desbravava territórios pouco explorados, conectando o Ocidente e o Oriente em páginas que continuam a impressionar até hoje.



O interessante é que não foi muito bem recebida pelo público da época. Talvez pela forma muito inovadora de contar histórias. Mas foi muito aclamada pela crítica. E esse pode ser o motivo de Ronin ser uma HQ um tanto quanto desconhecida. 

Ronin foi o primeiro trabalho para a DC Comics de Miller. Depois de ter “reinventado” o Demolidor, Frank Miller foi contratado pela DC com status de astro e Ronin foi um abre-alas para: Batman: Ano Um e Batman: O Cavaleiro das Trevas. 


Diferente dos quadrinhos da época (anos 80), a narrativa de Miller tinha aspectos peculiares. Mudava de closes para grandes planos gerais, usava uma espécie de plano sequência, não enclausurava os quadros em formatos quadrados ou retangulares, mas variava-os. Talvez a sequência memorável seja a sucessão de páginas duplas em que a base do antagonista é liquidada e suas luzes vão apagando aos poucos, enquanto Ronin faz o seu trabalho

Ronin saiu no Brasil em diversos formatos, pela Editora Abril e pela Opera Graphica. que lançou um álbum de luxo de capa dura.

Para baixar as SCANS (feitos a partir das três edições publicadas pela Opera Gráfica) click AQUI! 

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